Folha 35/366 Sonambulismos - Episódio 1
Deixem-me contar-vos um dos episódios que os meus progenitores viveram comigo, enquanto catraia pequena, e numa das deambulações noturnas enquanto dormia.
Como boa sonambula que sou (já vos informei aqui, suas Pessoas de água bórica!) sempre gostei de andar durante o sono.
Ora, noite fria de Inverno.
Viviamos em Coimbra, na altura.
Mamã acorda com um barulho estranho no quarto. (aqui devo-vos informar de que Mamã tem um sono leve-leve... acorda com os passos de uma formiga, vejam lá bem! E eu sou igualzinha!)
Sem conseguir identificar o barulho, deixa-se ficar muito quieta, entre lençóis.
Entretanto apercebeu-se que o barulho, que ouvia, não vinha do lado, onde o marido (Papá querido do meu ) dormia.
Soergueu-se num cotovelo e tentou localizar o ruído.
Vinha do lado da janela.
Os meus pais sempre dormiram com as persianas meio abertas, sem que o quarto ficasse naquela escuridão total e absoluta. Ora, sendo assim, ela conseguiu ver uma silhueta junto á dita.
Começou a beliscar o Papá, tentando controlar-se para não gritar. Papá acorda com um resmungo. Mamã aponta. Papá levanta-se de um salto e com o chinelo já pronto para atacar o intruso. No mesmissimo momento, Mamã acende a luz.
E deparouse-lhes a filha, em pé, virada para a janela e completamente nua.
"Ana Sofia! Que estás a fazer??" perguntou o Papá.
Não respondi.
Papá virou-me bruscamente. Caí redonda no chão. (Coitado! Aqui ainda não sabiam o que se passava comigo! Á 40 anos atrás não se ouvia falar muito do sonambulismo.)
Assustaram-se.
Mamã ganhou molas e agarrou-me no segundo a seguir.
Eu estava gelada e dormia profundamente.
O barulho que ela ouvia?
Era eu a ressonar.
Consequência disto?
Uma gripe que assustou toda a gente, de tal maneira me atacou.