Folha 85/366 Bruxelas vista por mim... 7
Em 2014 fui a Bruxelas uma vez.
Em 2015 fui duas. Uma em Setembro na companhia da minha Mãe e outra em Dezembro para a passagem do ano com o Maridão.
Para quem não sabe, o meu filho é emigrante lá.
A diferença da cidade das duas primeiras visitas para a ultima, deixou-me chocada.
Em 2014 e em Setembro a cidade brilhava com tanto turista, ouvia-se o som de risos, de falas de vários idiomas, notava-se uma descontracção total e absoluta.
Em Novembro acontece o que acontece em Paris.
E, apesar de já saber como estava a cidade na altura, chegar lá, passado um mês, e ver com os meus olhos, acreditem que me deicou chocada.
A "imagem" que eu tinha da cidade mudou, mal percorremos de autocarro o caminho do aeroporto de Zaventem para a cidade.
Uma cidade que é linda e não precisa de cartão de visita, estar com policiamento, tropas de intervenção, tanques de guerra e outros afins, é algo que não condiz.
Aquelas ruas de museus sempre com movimento, aqueles parques pejados de gente, aqueles fins de tarde onde os Belgas fazem questão de sair do trabalho e ir "beber um copo"... tudo isso deu lugar a ruas de museus com meia duzia de pessoas e muito tanque de guerra. Parques praticamente vazios e muito policiamento. Fins de tarde onde os Belga passaram a preferir sair do trabalho e ir para casa.
E não! Não era por estarmos em Dezembro. O povo Belga, e por consequência quem lá vive, é povo que gosta de sair. De se divertir. Valorizam a vida na forma de "a viver", e para eles Inverno não é impeditivo de viver a vida.
Notava-se qualquer coisa no ar.
Não diria medo. Chamar-lhe-ia cautela.
Enquanto passeavamos, em Dezembro, pela cidade, ouvia-se sirenes constantemente, viamos carros da policia em corridas (quase) loucas.
Assistimos, ao vivo e a cores, a troca de tiros que, viemos a saber mais tarde e através dos canais televisivos, tinham ocorrido aquando da detenção de suspeitos ligados ao Abdeslam.
Passei o final do ano numa cidade em estado de sitio. Fizemos a nossa passagem do ano fechados em casa (se bem se lembram as festividades foram todas canceladas com a eminência de um ataque terrorista), para no dia a seguir, nós, e toda Bruxelas, vir a saber que "eles", os que moram em Molenbeek, fizeram uma festa de arromba. Lá, ninguem anulou festa nenhuma. Houve concertos, foguetes e tudo a que se tem direito numa passagem de ano.
E ontem, foi o que foi.
Vivido a 2000 Km de distância, como se estivessemos lá.
Posso-vos dizer que num só dia passei pelo terror, pânico e susto. É dose, Pessoas.
Hoje estou prostrada. Sinto-me cansada.
E revoltada.
É hora de se fazer alguma coisa.
"Meninos" que vão durante um ano para a Síria e regressam, sem ninguem querer saber o que lá foram fazer?? NÃO PODE!
Fronteiras abertas?? NÃO PODE!
"Eles" não vão parar. Estão convictos daquilo que fazem e não há Ala que os convença do contrário.
Quem tem "poder" para os parar, o que faz?
NADA!
A não ser lamentar as vitimas e chorar os mortos.
BASTA!
TEM DE BASTAR!