A Gaivota
A Gaivota é ave que me enerva.
Para além de ser uma porquita de primeira, é uma atrevida do pior.
Então quando se juntam todas, em voo dessincronizado, o melhor é fugirmos. Há sempre uma que se lembra de evacuar nessa hora… Já vi humanos a levarem com um dejecto… pessoa ao meu lado… com o dejecto mai nojento a escorrer nariz abaixo… QU’A NOJO!
O meu veículo, morando eu em zona de praia, volta e meia aparece todo emporcalhado. MAIS!!! Normalmente quando o estivemos a lavar. GGGGGGRRRRRRRRRR…
E de certeza que não estou a dar novidades, certo?!
Mas a minha vivência com esta ave ridícula é muito mais interessante do que levar com c@g@d@s!
Então:
- Tenho por hábito, na praia, e estando sentada, enterrar os dedos dos pés na areia. E ficar lá por baixo, a dar a dar, com os ditos. E a ver a areia ir sulcando o espaço entre os meus dedos. É divertido! Eu acho! Mas isto agora também não interessa nada! Adiante… Ora, belo entardecer. Praia. Amena cavaqueira com Mamã, enquanto o meu Rebento futebolava com os amigos. E os meus pezitos enfiados lá em baixo… a dar a dar… entretidas que estávamos não nos apercebemos de uma Ave Estúpida Ridícula da Silva a aproximar-se… sorrateira… pata ante pata… e diz a Mamã: “Olha-olha!!!” E eu olhei… e assim fiquei… a olhar pr’áqueles olhos amarelos que me miravam. “UI! Que queres tu??!!” E ela não tem mai nada e vai de atacar os meus pezinhos! Assim! Sem mais nem menos! OH PAH! Semelhante cagaçal nunca naquela praia foi feito. Por mim e por ela, a Ave Estúpida Ridícula da Silva. Eu: “OH BADALHOCA! MINHA ATREVIDA! TU APANHAS MINHA FILHA DE UMA GRANDESSIMA MERETRIIIIIIIIIIZZZZZZ!” Ela: “AAAAHHH-AAAAAAHHHH” (que em linguagem gaivotês quis dizer uma data de impropérios á minha pessoa, tenho a certeza!) Ela acabou por ir (que remédio! Nã que eu dava cabo dela! Mordia-a e até a depenava c’os dentes e tudo, se preciso fosse!) e nós também! Eu enervada e a levar com a minha Progenitora e o meu Rebento a rirem-se! A gargalharem! Não sei se de mim se da Ave Estúpida!
- Papá tinha sido operado há uns dias e estava ainda internado. Visita da esposa, filha e neto mais velho. Hora do lanchinho do paciente. E diz o papá “Querem ver-querem ver?” E vai de deitar UMA migalha microscópica no peitoril da janela. E juro que não sei de onde vieram aquelas 3 coisas! Três Aves Ridículas, todas primas! E vai de atacar o peitoril! Sim, o peitoril! Porque a migalha microscópica escorregou e foi parar lá abaixo… á rua… E eu “WOW! EH LÁ GANDAS MALUCAS!” E chego-me á janela só pra me rir da cara delas… e sou ATACADA! A-TA-CA-DA por uma, de bico aberto e tudo! E a fazer “AAAAHHH-AAAAHHH”!!! Ai a badalhoca! Olha!... Não tenho mai nada e espeto-lhe um murro… ou tento vá… E levo com o Papá:
“TÁ QUIETA!”
“DESCULPA?? Então a Ave Ridícula faz-se a mim e eu é que tenho de tar quieta???”
“Sim! O bichinho está com fome!...”
“Ai e eu era o lanche ideal, não querem lá ver??!!”
“Pois tá claro! A cavalo dado não se olha o dente!” e pisca o olho ao neto… qu’eu vi muito bem!
Vi mas não gostei.
E depois foi, o resto da tarde: “Oh Mãe! Olha elas!… vieram ver-te…”
“Oh Mãe!”
“Ooohh Mãããeee!”
Amuei pois tá claro…
E pronto.
Tenho motivos para estas Aves Ridículas m’enervarem!